© Ada Breedveld |
Anjo da guarda
Do poleiro ele não fugiria. Garantiam sua permanência a argola de ferro no pé e a ponta da asa cortada. Sem ele, que solidão insuportável seria sua vida.
Sim, era outra mulher. Lavava, passava, cantava na cozinha e crescia plantas.
Longe estavam os dias de choro e desespero. Distante aquela tarde em que, o formicida pronto na cozinha, a campainha tocara interrompendo o gesto. E da porta, louro e alado, o adolescente lhe dissera:
- Não chore. Vim lhe ajudar. Sou seu Anjo da guarda.
— Marina Colasanti, no livro "Um espinho de marfim e outras histórias" .Porto Alegre: L&PM, 1999
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