Palácio do Congresso Nacional | Brasília - © Marcel Gautherot (1960). Acervo Instituto Moreira Salles |
Brasília, a capital federal do Brasil, foi projetada pelo arquiteto-urbanista Lúcio Costa que escolheu o arquiteto Oscar Niemeyer para projetar os edifícios e o arquiteto-paisagista Burle Marx pelos jardins e terraços. Brasília se tornou Patrimônio Mundial da UNESCO em 1987.
Em 1956, o presidente Juscelino Kubitschek lançou um concurso para o projeto urbanístico de Brasília. No edital do concurso para a construção da capital, previa-se que o Plano Piloto (região central da cidade) deveria abrigar até 500 mil habitantes. Atualmente, o Distrito Federal é composto por 31 regiões administrativas com cerca de 2,8 milhões de habitantes.
Sacolândia | Brasília - © Marcel Gautherot (1958). Acervo IMS |
No princípio era o ermo
Eram antigas solidões sem mágoa.
O altiplano, o infinito descampado
No princípio era o agreste:
O céu azul, a terra vermelho-pungente
E o verde triste do cerrado.
Eram antigas solidões banhadas
De mansos rios inocentes
Por entre as matas recortadas.
Não havia ninguém. A solidão
Mais parecia um povo inexistente
Dizendo coisas sobre nada.
Sim, os campos sem alma
Pareciam falar, e a voz que vinha
Das grandes extensões, dos fundões crepusculares
Nem parecia mais ouvir os passos
Dos velhos bandeirantes, os rudes pioneiros
Que, em busca de ouro e diamantes,
Ecoando as quebradas com o tiro de suas armas,
A tristeza de seus gritos e o tropel
De sua violência contra o índio, estendiam
As fronteiras da pátria muito além do limite dos tratados.
- Fernão Dias, Anhanguera, Borba Gato,
Vós fostes os heróis das primeiras marchas para o oeste,
Da conquista do agreste
E da grande planície ensimesmada!
Mas passastes. E da confluência
Das três grandes bacias
Dos três gigantes milenares:
Amazonas, São Francisco, Rio da Prata;
Do novo teto do mundo, do planalto iluminado
Partiram também as velhas tribos malferidas
E as feras aterradas.
E só ficaram as solidões sem mágoa
O sem-termo, o infinito descampado
Onde, nos campos gerais do fim do dia
Se ouvia o grito da perdiz
A que respondia nos estirões de mata à beira dos rios
O pio melancólico do jaó.
E vinha a noite. Nas campinas celestes
Rebrilhavam mais próximas as estrelas
E o Cruzeiro do Sul resplandecente
Parecia destinado
A ser plantado em terra brasileira:
A Grande Cruz alçada
Sobre a noturna mata do cerrado
Para abençoar o novo bandeirante
O desbravador ousado
O ser de conquista
O Homem!
- Vinicius de Moraes e Antonio Carlos Jobim. 'Brasília, Sinfonia da Alvorada.
Em 1958, o fotógrafo franco-brasileiro, Marcel Gautherot foi convidado por Oscar Niemeyer para registrar a construção de Brasília. Por dois anos Gautherot fotografou as obras da cidade, que se tornaria um marco da arquitetura e do urbanismo modernista, inaugurada em 1960. As imagens que seguem é parte integrante do livro Brasília, editado pelo Instituto Moreira Salles.
Moradias improvisadas em acampamento ao redor do lago Paranoá | Brasília - © Marcel Gautherot (1958). Acervo Instituto Moreira Salles |
Palácio do Congresso Nacional | Brasília - © Marcel Gautherot (1960). Acervo Instituto Moreira Salles |
Palácio do Congresso Nacional | Brasília - © Marcel Gautherot (1959). Acervo Instituto Moreira Salles |
Palácio do Congresso Nacional | Brasília - © Marcel Gautherot (1959). Acervo Instituto Moreira Salles |
Trabalhadores no cerrado; ao fundo, o palácio do Congresso Nacional em construção | Brasília - © Marcel Gautherot (1959). Acervo Instituto Moreira Salles |
Câmara dos Deputados, em fase de construção | Brasília - © Marcel Gautherot (1958). Acervo Instituto Moreira Salles |
Início da concretagem da Cúpula do Senado Federal | Brasília - © Marcel Gautherot (1958). Acervo Instituto Moreira Salles |
Cúpula da Câmara dos Deputados, em fase de concretagem, com os Ministérios ao fundo | Brasília - © Marcel Gautherot (1959). Acervo Instituto Moreira Salles |
Trabalhadores | Brasília - © Marcel Gautherot (1959). Acervo Instituto Moreira Salles |
Vista aérea da Praça dos Três Poderes | Brasília - © Marcel Gautherot (1960). Acervo Instituto Moreira Salles |
Palácio da Alvorada | Brasília - © Marcel Gautherot (1962). Acervo Instituto Moreira Salles |
Câmara dos Deputados, em fase de construção | Brasília - © Marcel Gautherot (1958). Acervo Instituto Moreira Salles |
Palácio do Congresso Nacional | Brasília - © Marcel Gautherot (1960). Acervo Instituto Moreira Salles |
Capela do Palácio da Alvorada | Brasília - © Marcel Gautherot (1962). Acervo Instituto Moreira Salles |
Palácio do Congresso Nacional | Brasília - © Marcel Gautherot (1958). Acervo Instituto Moreira Salles |
Escada do Palácio do Itamaraty | Brasília - © Marcel Gautherot (1962). Acervo Instituto Moreira Salles |
Palácio da Alvorada | Brasília - © Marcel Gautherot (1962). Acervo Instituto Moreira Salles |
Esplanada dos Ministérios em construção | Brasília - © Marcel Gautherot (1958). Acervo Instituto Moreira Salles |
Catedral Metropolitana de Nossa Senhora Aparecida | Brasília - © Marcel Gautherot (1958). Acervo Instituto Moreira Salles |
Palácio do Congresso Nacional | Brasília - © Marcel Gautherot (1960). Acervo Instituto Moreira Salles |
Catedral Metropolitana de Nossa Senhora Aparecida | Brasília - © Marcel Gautherot (1959). Acervo Instituto Moreira Salles |
Palácio do Congresso Nacional | Brasília - © Marcel Gautherot (1958). Acervo Instituto Moreira Salles |
Museu Histórico de Brasília, Eixo Monumental Leste | Brasília - © Marcel Gautherot (1960). Acervo Instituto Moreira Salles |
Palácio do Congresso Nacional | Brasília - © Marcel Gautherot (1958). Acervo Instituto Moreira Salles |
Moradia dos trabalhadores em Sacolândia | Brasília - © Marcel Gautherot (1958). Acervo Instituto Moreira Salles |
Dia da inauguração na laje de cobertura do edifício do palácio do Congresso| Brasília - © Marcel Gautherot (1960). Acervo Instituto Moreira Salles |
Parque infantil em superquadra da asa Sul | Brasília - © Marcel Gautherot (1968). Acervo Instituto Moreira Salles |
Os Candangos do escuktor Bruno Giorgi | Brasília - © Marcel Gautherot (1968). Acervo Instituto Moreira Salles |
"Digam o que quiserem, Brasília é um milagre. Quando lá fui pela primeira vez, aquilo tudo era deserto a perder de vista. Havia apenas uma trilha vermelha e reta descendo do alto do cruzeiro até o Alvorada, que começava a aflorar das fundações, perdido na distância. Apenas o cerrado, o céu imenso, e uma idéia saída da minha cabeça O céu continua, mas a idéia brotou do chão como por encanto e a cidade agora se espraia e adensa."
- Lúcio Costa, em declaração à revista Manchete, em 1974.
"O que ocorre em Brasília e fere nossa sensibilidade é essa coisa sem remédio, porque é o próprio Brasil. É a coexistência, lado a lado, da arquitetura e da anti-arquitetura, que se alastra; da inteligência e da anti-inteligência, que não pára; é o apuro parede-meia com a vulgaridade, o desenvolvimento atolado no subdesenvolvimento; são as facilidades e o relativo bem-estar de uma parte, e as dificuldades e o crônico mal estar da parte maior. Se em Brasília esse contraste avulta é porque o primeiro élan visou além – algo maior. Brasília é, portanto, uma síntese do Brasil, com seus aspectos positivos e negativos, mas é também testemunho de nossa força viva latente. Do ponto de vista do tesoureiro, do ministro da Fazenda, a construção da cidade pode ter sido mesmo insensatez, mas do ponto de vista do estadista, foi um gesto de lúcida coragem e confiança no Brasil definitivo."
- Lúcio Costa, o urbanista em declaração a 'O Estado de S. Paulo', 1988.
Marcel Gautherot nasceu em Paris em 14 de junho de 1910. Fixou residência no Brasil em 1940. Apaixonado pelo país, fotografou a cultura e as paisagens do Brasil ao longo de toda a sua vida. Morreu em 8 de outubro de 1996, no Rio de Janeiro. O acervo de mais de 25 mil fotos, hoje integram o acervo do Instituto Moreira Salles.
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