R. Magritte - the masterpiece or the mysteries-of the horizon - 1955 |
poemas de ralph waldo emerson
Dias
Prole do Tempo, Dias hipocríticos,
Tampados, mudos, dervixes descalços,
Seguindo sós em fila sem mais fim,
Com diademas e adornos nas mãos.
Oferecem regalos para todos,
Pão, reinos, astros e céu que os sustém.
Eu, em meu jardim curvo, olhava a pompa,
Esquecia os desejos matinais,
Na pressa, peguei ervas e maçãs,
E saiu e voltou, silente, o Dia.
Vi tarde, em seu solene aro, o desdém.
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Days
Daughters of Time, the hypocritic Days.
Muffled and dumb like barefoot dervishes,
And marching single in an endless file,
Bring diadems and fagots in their hands.
To each they offer gifts after his will,
Bread, kingdoms, stars, or sky that holds them all.
I, in my pleached garden, watched the pomp,
Forgot my morning wishes, hastily
Took a few herbs and apples, and the Day
Turned and departed silent. I, too late,
Under her solemn fillet saw the scorn.
- Ralph Waldo Emerson, em "Grandes Poetas da Língua Inglesa do século 19". [seleção, tradução e organização de José Lino Grünewald]. Edição bilíngue. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1988.
§
A tempestade de neve
Propalada por todos os clarins do céu,
Chega a neve e, movendo-se ao alto dos prados,
Parece nada clarear: o ar em branco
Encobre bosques e colinas, céu e rio,
Dissimula a fazenda no fim do jardim.
O piloto e o trenó pararam, os pés dele
Lentos, amigos mudos, companheiros sentam-se
Em torno da luzente lareira, fechados
Num confuso refúgio fora da procela.
Venha ver a alvenaria do vento norte.
Provindo de pedreira sempre nunca vista
Guarnecido com telhas, o feroz artífice
Dobra seus brancos bastiães, tetos traçados
Em volta de barlaventos, ou porta ou árvore.
Lesto, mãos em miríades, seu fero obrar
Tão fantástico e selvagem, nada lhe importa
Seja número ou simetria. Zombeteiro,
Em cesto ou canzil pendura volutas párias;
Uma forma de cisne ataca o acúleo oculto:
Toma a vida do lavrador de lado a lado,
Apesar dos suspiros deste; e no portão
Uma cônica torre sobreleva a faina.
E quando suas horas são marcas e o mundo
É todo dele, só, qual se não existisse,
Deixa, quando aparece o sol, esta Arte atônita
Para a mímica em lentas estruturas, pedra
Sobre pedra, construída em certo período,
O trabalho noturno do vento demente,
A irreverente arquitetura dessa neve.
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The Snow-Storm
Announced by all the trumpets of the sky,
Arrives the snow, and, driving o'er the fields,
Seems nowhere to alight: the whited air
Hides hills and woods, the river, and the heaven,
And veils the farm-house at the garden's end.
The sled and traveller stopped, the courier's feet
Delayed, all friends shut out, the housemates sit
Around the radiant fireplace, enclosed
In a tumultuous privacy of storm.
Come see the north wind's masonry.
Out of an unseen quarry evermore
Furnished with tile, the fierce artificer
Curves his white bastions with projected roof
Round every windward stake, or tree, or door.
Speeding, the myriad-handed, his wild work
So fanciful, so savage, nought cares he
For number or proportion. Mockingly,
On coop or kennel he hangs Parian wreaths;
A swan-like form invests the hidden thorn;
Fills up the farmer's lane from wall to wall,
Maugre the farmer's sighs; and, at the gate,
A tapering turret overtops the work.
And when his hours are numbered, and the world
Is all his own, retiring, as he were not,
Leaves, when the sun appears, astonished Art
To mimic in slow structures, stone by stone,
Built in an age, the mad wind's night-work,
The frolic architecture of the snow.
- Ralph Waldo Emerson, em "Grandes Poetas da Língua Inglesa do século 19". [seleção, tradução e organização de José Lino Grünewald]. Edição bilíngue. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1988.
§
Brahma
Se o matador pensa que mata
E o morto pensa que foi morto
É que não sabem o que ata
Em meu caminho o reto ao torto.
O lá é aqui, o longe é perto.
A sombra e a luz, uma só flama.
Deuses me falam no deserto.
Iguais em mim a fama e a lama.
Ninguém escapa à minha vida.
Eu sou a asa do que voa,
Sou a dúvida e o que duvida
E a canção que o brâmane entoa.
Deuses anseiam por meu teto
E os sete sóis rondam me em vão,
Mas o que ama o bem, secreto,
Tem o meu céu em sua mão.
.
Brahma
If the red slayer think he slays,
Or if the slain think he is slain,
They know not well the subtle ways
I keep, and pass, and turn again.
Far or forgot to me is near;
Shadow and sunlight are the same;
The vanished gods to me appear;
And one to me are shame and fame.
They reckon ill who leave me out;
When me they fly, I am the wings;
I am the doubter and the doubt,
I am the hymn the Brahmin sings.
The strong gods pine for my abode,
And pine in vain the sacred Seven;
But thou, meek lover of the good!
Find me, and turn thy back on heaven.
- Ralph Waldo Emerson [tradução Augusto de Campos]. publicado em IHU On-Line. edição 250, ano VIII, 10.3.2008.
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Breve biografia
Ralph Waldo Emerson - por Samuel Hollyer |
Fonte: Dec/ufcg
:: Ralph Waldo Emerson - Poetry Foundation
© obra em domínio público
© Pesquisa, seleção e organização: Elfi Kürten Fenske em colaboração com José Alexandre da Silva
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