Evaristo Fernandes - poemas

© Michel Rauscher
poemas do poeta angolano evaristo fernandes


Mergulho nesta constelação
do nada
sigo cega mente
este negro espaço
cega a mente
com passos versificados
sem metros
em longas distâncias
cem metros

Meus pés de espinhos
soltam-me os nós das vidas
sem vida
Caem-se nas faces
fáceis resmungos
e aí me despeço
diz peço que eu peço
"Pedido de Morte"
- Evaristo Fernandes, em "Agris Magazine: Tundavala". [coordenação editorial Helder Silvestre Simba André]. 2ª ed., Luanda/Angola: Movimento Litteragris©, 2016.

§

Inspiração 
Inspir(ação)
Ins(piração)
Canta ao som
desconhecido 
essa coisa quadrada
cujo nome desconheço
Com um objecto redondo
que gira mil milhões de vezes
sem cansar-se
Vejo com os ouvidos
vozes que transpassam fios
e tocam-me na alma
esse som dos diabos
mesmo sem lábios 
e línguas
sopra-me com seu olhar
expressões 
de um mundo interior 
(Procurando inspiração)
- Evaristo Francisco Fernandes (Movimento Litterágris)

§

Sopro-te aos ouvidos 
respostas de questionamentos 
(in)questionáveis 
Com o cule dos cientes
Levo-te ao coração 
a revelação de segredos ocultos
Banzelo no silêncio da marcha
dos tropas em fuga
quando lembidos
aos gritos dos babas
Suavemente 
pouso meus braços
sobre as esquinas dos tramancos
em becos de seu tronco curvilinho
Me perco no fumo
da favela vermelha 
entre as pernas
Aí me sacio de seu amargo doce
e canto o hino da liberdade
por ti proclamada
Deusa grega negra
Deixa-me molhar sua terra quente
sedenta de chuva
Fertilizar suas plantações 
(des)fertilizadas
E nutrir os gados magros
de seu estábulo
(Amor de bairros)
- Evaristo Fernandes (Movimento Litterágris)

§

Tu que passas pelas
janelas das minhas portas
Escrevo-te versos 
sobre as linhas de seu ventre 
Recito-te o sabor do poema
escrito sobre o vento de papel
com as mãos trémulas de ressaca 
Dou-te o beijo do sapo
sobre a tempestade barulhenta
Meço a temperatura 
deste coração de gelo
que se nega a amar
Resisto as tentações 
dos infinitos deuses e diabos
Insisto na busca de um ódio 
de paixão 
que afaga-me os espíritos 
que voandam em torno das imaginações
- Evaristo Fernandes (Movimento Litterágris)

§
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Sobre o autor Evaristo Fernandes - poeta angolano
No nascer do dia 23 de Junho de 1994, deu-senos à luz um menino, que a vida chamou Evaristo Francisco Fernandes, gerado nas terras do Bengo, fruto de um infinito amor entre Domingos Miguel Fernandes e Guilhermina António Francisco. Estuda Economia e Organização e Gestão de Empresa na Universidade Agostinho Neto.
:: Fonte: Agris Magazine: Tundavala". [coordenação editorial Helder Silvestre Simba André]. 2ª ed., Luanda/Angola: Movimento Litteragris©, 2016.

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