© Elginia McCrary |
De como se vazou a vida de Ascolino do Perpétuo Socorro
Vivenda da Santíssima Palha era o nome na tabuleta, à margem da estrada. Um atalho de areia levava à quinta, lugar esquecido do suor e das canseiras. No centro, meio coberta pelas mangueiras, a casa colonial media-se com o tempo. Ali, na sombra das tardes, se varandeava Ascolino Fernandes do Perpétuo Socorro. Herdeiro da propriedade, ruminava lembranças sem pressa nem obrigações. Recordava Goa, sua terra natal. Caneco se negava:
— Indo-português sou, católico de fé e costume.
Vestia sempre de rigor, fato de linho branco, sapatos de igual branco, chapéu de idem cor. Cerimonioso, emendado, Ascolino costurava no discurso os rendilhados lusitanos da sua admiração. Enfeitava os ditos com adévrbios sem propósito nem cabimento. Uma imensa lista dava entrada nas frases, mal faladas de sotaque:
— Não obstante, porém, todavia, contudo...
Na Munhava estabelecera seus domínios, mais sonhados que plantados. A glória do goês só ele a via, enquanto nas demoradas tardes separava as brisas das moscas.
As visitas distribuía vénias, longos silêncios e mangas verdes com sal. Dona Epifânia, sua esposa, era quem servia. Tão magra que nem se sentia chegar. As portas de rede batiam: assim se sabia de sua presença. Gesto de amor entre os dois nunca foi visto. Amavam-se? Se sim, amavam sem corpo. Ascolino sofria do eterno retiro de sua esposa. Consolava-se mas desconven-cido. Epifânia, dizia ele, uma amêijoa. Se for aberta morre, exposta ao mundo e às marés. Quando os outros lhe notavam as ausências da mulher, Ascolino confirmava:
— Epifane, sagrada esposa. Contudo, porém, trinte anos di casamento.
Hora respeitada, mais sagrada que a esposa, era das cinco da tarde. Houvesse ou não visitas repetia-se o ritual. Vasco João Joãoquinho, fiel e dedicado empregado, surgia da sombra das mangueiras. Fardava caqui, balalaica e calção engomado. Aproximava-se trazendo uma bicicleta. Ascolino Fernandes, protocolar, inclinava-se perante ausentes e presentes. O empregado entregava-lhe uma pequena almofada que ele ajeitava no quadro da bicicleta. Acomodava-se, com cuidado de não manchar as calças na corrente. Ultimados os preparos, Vasco João Joãoquinho montava no selim e, com um puxão vigoroso, dava início ao desfile. Arrancada difícil, ondeada nas areias. E os dois, Ascolino e o seu biciclitista, seguiam de adeuses em diante, rumo à cantina do Meneses. Os modos de um e de outro estavam certos, só o veículo não encostava ao estatuto. Seguiam, obedecidos à vontade viciosa de Ascolino, pedalando contra a sede e a distância.
Naquela tarde se repetia a paisagem com os homens dentro. Vasco esco-lhia os capins para segurar as rodas no caminho. De súbito, a bicicleta resvala e os dois, patrão e criado, caem na valeta. Ascolino fica imóvel, deitado na lama. Vasco arruma os desperdícios, endireita o volante, alisa o chapéu do patrão.
A custo, Ascolino se recompõe. Avalia os estragos e dispõe-se a ralhar:
— Qui têm, homem? Essetragô sapéu de nosso. Não obstante, quem qui vai pagar?
— Desculpa, patrão. Foi desviar bacecola. De vido desse matope que passámos.
— Vucê não viu, p? Já disse toda hora: não faça travage deripente.
E montaram mais outra vez. Ascolino Perpétuo Socorro, dignidade reposta, chapéu amolgado. Vasco pedalando pelo pôr do Sol. Em cima, os coqueiros vão barulhando brisas.
— Vê se descarril outra vez velocípede, hein, Vasco?
Caracolando nas areias, o criado puxava a foras pelas pernas. Mas longos são os minutos da sede do gos:
— Celere, Vasco. Pedal com mais força!
Chegam ao Viriato, a cantina do Meneses. A bicicleta pra junto ao pátio de cimento. O patrão desmonta, aliviado das poeiras. Puxa a corrente do relógio enquanto se dirige para a mesa reservada. O Vasco não entra nas dianteiras. Preto vai nas traseiras, a norma do tempo. No quintal, atrás, serve-se vinho aguado. No bar, frente, são outras qualidades.
Vasco João Joãoquinho ia entrando nos seus vagares. Os outros saudavam-lhe a chegada e pediam-lhe histórias acontecidas com patrão Ascolino. Vasco sempre contava, inventador de graças. Mas demorava-se nos começos enquanto preparava os condimentos da aventura.
— Então, Vasco? E essa noite o seu patrão?
Vasco olhou as palavras, ante-riu com a história.
— O meu patrão, nem vocês não acreditam...
— Conta lá, pá.
E relatou o que passara na noite anterior, incrível. Ascolino Fernandes, ao meio da meia-noite, iniciara as cantorias, o fado das andorinhas. Vasco Joãoquinho imitava, de copo na mão:
— Por morrer uma andorinha...
Ascolino cantou a noite toda. As andorinhas iam morrendo e a fria dele ia crescendo. Até que, pela janela, comeou a anunciar as ameaças:
— Agora, vou deitar a ventoinha.
E seguiu ventoinha, do primeiro andar para baixo. Rebentou-se no chão, as peças tin-tin-tin no pátio. Depois, outro aviso:
— Agora, são pratos.
E voaram louças para o quintal. Vidros devolveram mil luas no pátio da vivenda. O Ascolino cada vez mais alto:
— Por morrer uma andorinha...
Epifânia nem se ouvia. Talvez estivesse fechada no quarto. Ou talvez chorasse daquela maneira dela. Tristeza mais triste aquela que não se ouve.
— Estou a falar sério, meus amigos, porque entendo da tristeza. Na nossa raça choramos com o corpo. Eles não, ficam presos da desgraça.
— Ouve lá, ó Vasco, deixa lá essa conversa. Continua história do teu patrão.
Mobílias viajavam pela janela até em baixo. Vasco se aproximou e pediu:
— Patrão, faça favor, pára com isso.
— Sai dai, Vasco.
— Ó patrão, não faça mais isso, não estraga toda casa.
— Casa di quem, é sua?
— Mas, patrao, já viu sucata toda que está aqui em baixo?
— Afaste, depressa. Agora, vou deitar frigorife.
Aterrado, Vasco saiu do pátio. Um passo curto, outro comprido para não pisar os vidros, o criado escondeu-se na sombra. Ali, ajudado pelo escuro, esperou o estrondo. Nada. Geleira não descia.
— Patrão?
— Quê qui quer? Todavia, ainda me chateia?
E de novo fadista. Cantava aos berros, toda a Munhava se espalhando de andorinhas. Interrompia as artes para insultar, virado para dentro, para Epifânia:
— Não me dás carinhos. É só oração, di manhã até di noite. Isto não é casa de mortal. Vivenda não é! É igreja. Catedral de Santíssima Palha. Mas porém, já lhe digo o que vou fazer: atirar fora mobília di reza, cruz e altar qui tem. Tudo fora, fora!
Depois, foi a vez do silêncio. Vasco Joãoquinho perguntava-se: intervalo ou fim do espectáculo? Parecia o final quando se ouviu o ruído de uma cadeira arrastando junto à janela. Foi entâo que surgiu, inteiro dos joelhos até à cabeça, o vulto do goês. As suas mãos finas corrigiram os desalinhos enquanto, solene, anunciava:
— Mobília tudo já foi. Agora vou eu.
E antes que Vasco pudesse dizer alguma coisa, Ascolino Fernandes do Perpétuo Socorro atirou-se da janela abaixo. Magreza do Ascolino não ajudou a velocidade. Não parecia um corpo mas uma cortina. Quando caiu não arrancou barulho da terra. Foi só um suspiro, uma nuvenzita de poeira. Vasco, espantado, acorreu a ajudar Procurou sangue, remendos do corpo. Não havia.
— Patrão, não estragou nada?
— Quê nada? Me ajude sair de chão.
Levantou o patrao. Já no alto de si mesmo, Ascolino olhou os estragos em volta. Depois, foi-se pelo escuro cantarolando, baixinho, o seu fado. Todos, nas traseiras do Bar Viriato, se riram com a história. Desta vez, porém, Vasco Joãoquinho arrumou o silêncio num rosto triste.
— Eh pá, Vasco, você sempre traz boas histórias, tantíssimas.
— Não inventei, tudo isso aconteceu. Mas não riam-se tao alto, pode ser ele escuta lá do outro lado.
Mas do outro lado não se ouvia. Ascolino estava de serviço no uísque. Separado por uma nica parede, o outro lado era muito longe.
Na mesa reservada, Ascolino demora seus modos, relembra Goa, Damão e Diu, repuxa advérbios. Não obstante, porém.
— Sai mais dose dele, rebise o visqui.
O Meneses parece nem ver o Ascolino. Aponta as bebidas encomendadas enquanto o céu desalumia. O tempo vai escorrendo, copo a copo. Ascolino bebe com a certeza de um vice-rei das Índias. Ascolino superior a Ascolino, o indo-português vencendo, pelo álcool, o caneco. Só uma inquietação permanecia sem ter sido afogada no uísque: Epifânia. Nessa altura, a esposa já devia revirar o sono entre injúrias e cansaços. Ascolino espreita a hora, não quer transnoitar no caminho. Adivinhando-lhe os receios, um português diz:
— Não se apresse, Fernandes. Não se apresse que a sua patroa diz-lhe a bonita.
Ascolino nega prazos, mostra-se homem, ousado a demoras. Se no viver era calcado, no falar se levantava.
— Epifane, tudo já sabe. Caril, chácuti, sarapatel, boa comida qui tem, tudo ela já cozinhou para chegada di nosso. Epifane, sagrada esposa.
Numa outra mesa, soldados espreitam ocasião. Resolvem, então, lançar provocação:
— Goa, lá se foi. Sacanas de monhés, raça maldita!
Mas o Ascolino, para espanto, não regista ofensa. Antes se junta aos ofensores.
— Monhés, sacana sim senhor. Aliás, porém, indo-português qui sou, combatente dos inimigos di Pátria lusitane.
Os soldados entreolham-se, desconfiados. Mas o Ascolino leva mais alto a afirmação da lusitanidade. Subindo à cadeira, oscilante, discursa heroísmos sonhados. Uma cruzada, sim, uma cruzada para recuperar o nome de Goa para uso português. À frente, comandando os pelotões, ele, Ascolino Fernandes do Perpétuo Socorro. Atrás, soldados e missionários, navios carregados de armas, bíblias e umas garrafitas de visqui.
— O tipo está a gozar com a malta — conclui um dos soldados, o maior. Levanta-se e aproxima-se de Ascolino, farejando-lhe os humores:
— Cruzadas, quais cruzadas? A única coisa que você tem cruzadas são as pernas, essas perninhas de caneco.
Não foi por mal, talvez do desequilíbrio, mas o copo do Ascolino respingou na farda do outro. Um murro cruza o ar, rasga as palavras do orador e Ascolino despeja-se no chão. Os outros agarram o agressor, afastam-no, põem-no fora da cantina. Ascolino continua deitado de costas, vice-morto, um braço erguido a segurar no copo. O Meneses acode-lhe:
— Senhor Ascolino, está bem?
— Essetatetou.
— Mas, como que foi que isto aconteceu?
— Abruptamente.
Endireitam o goês. Ele arruma os vincos, investiga os restos no copo. Olha em volta a multidão e proclama o adiamento da cruzada.
No pátio da cantina o goês prepara a retirada:
— Vassco, vamusembor!
Enquanto espera o chofer, procura a corrente do relógio, cumpre o hábito. Mas, desta vez, a corrente está, o relógio é que não. Ascolino vê as horas no relógio que já não tem e comenta o tardio regresso.
— Depresse, Vassco.
E ajeita a almofada no quadro, antes de sentar. A almofada está no lugar, Ascolino é que falhou. Cai, insiste e, de novo, regressa ao chão.
— Vassco, cende luz. Apague essa escuridão.
O empregado encosta o dínamo ao pneu e anima uma pedalada forte. Ascolino está de gatas, procura do próprio corpo.
— Sapéu pissgou?
Vasco Joãoquinho também está de passo torcido. Apanha o chapu e, depois, sobe na bicicleta. Lá se aprontam os dois, desajudando-se. Na janela, Meneses goza o espectculo:
— O caneco já vai de todo. Aviado de usque e de murraças.
Vasco afasta pedaços do escuro, estorvos no regresso. Vai campainhando, trim-trim-trim. Já não se escutam os corvos, nem se vêem as garas. A noite igualou as cores, apagou as diferenças. No caminho, o goês piora dos fermentos escoceses e abandona o porte.
— Sou caneco de cu lavado. Primeir catégoria, si fassfavor. — E gritando com toda a alma:
— Viva Nehru!
Mais adiante, já quando acabam os arrozais e começam os coqueiros, Ascolino troca o empregado pela mulher, chama-lhe Epifânia.
— Mulher não ande atrás, passe a frente.
Vasco, obediente, dá-lhe o lugar no selim. O goês excitado agarra o criado pela cintura.
— Patrão, vamos embora disto.
Mas Ascolino insiste, açucaroso. Tenta beijar o empregado que se esquiva com vigor. Insistência aumenta, respeito diminui. O Vasco já que empurra o patrao:
— Deixa-me, não sou tua mulher.
E um safanão maior derruba Ascolino. Silêncio nos coqueirais. Só os corvos, curiosos, vigiam a briga. O goês está espalhado no chão. Pede um pouco de luz para ver se aquele molhado nas calças é água do charco ou que se mijou. Vasco ri-se. Ascolino, pendente, rodopia, nariz quase a raspar o chão. Chegado vertical, interroga o capim em volta:
— Vassco, roubaram vivenda de Santíssima Palha!
— Não, patrão! E que não chegámos, ainda falta.
Capaz de mais concluir, Ascolino retorna:
— Vassco, perdemos vivenda. Não obstante, você vai lá e procura ela.
O empregado impacienta-se e puxa-o pelas axilas. E assim rebocado, AscoIino vê o avesso do caminho, a estrada caranguejando. Confundindo ida com vinda, solicita:
— Vassco, não ande pra trás. Estamos voltar na cantina de Mneses.
E adiantando-se à chegada, encomenda:
— Méneses, sai visqui para mim e outra dose para Epifane, sagrade bebida.
E voltando a cabeça para trás, generoso:
— Quando vucê quer pode pedir, Vassco.Desconte depois, no salário de mês. Pode beber neste lado, não precisa ir nas traseiras.
Esgotado de andar às arrecuas, Vasco larga-o. Sentindo-se na horizontal, o goês reza e despede-se:
— Boa noite, Epifane, sagrade esposa.
Mas Vasco já não està. Voltou atràs para buscar a bicicleta. Ascolino ergue a custo a cabeça e, vendo o empregado carregado, aplaude:
— Isso, traz cobertor, me tape. Epifane, tape ela também.
Vasco, em desespero, tenta o aviso final:
— Eu não sei, patrão. Se não chegarmos essa noite, se dormirmos aqui, vai ser grande milando com a senhora.
Ascolino concorda. A ameça parece ter resultado. Sustentado pelos coto-velos, o patrão encara o criado:
— Qui têm Epifane? Agora, voce dorme de calção de caqui?
E, abreviando o tempo, adormeceu. De tal maneira entrou no seu peso que Vasco desconseguiu deslocá-lo.
No dia seguinte, cobria-os um lençol de insectos, folhas e cacimbo. Vasco foi o primeiro a chegar ao mundo. Estranhou o ruído de um motor nas vizinhanças. Olhou em volta, resistindo ao peso das pálpebras. É então que vê, próxima, a vivenda da Santíssima Palha. Afinal, tinham dormido ali a um instante de casa?
No pátio da entrada estão as mobílias todas amontoadas. Há homens carregando tudo para cima de um camião. Era esse, então, o motor. Dona Epifânia, ordenosa, vai orientando o carregamento.
O empregado hesita. Olha o patrão ainda entregue ao sono. Decide-se, por fim. Filho das areias, Vasco Joãoquinho segue para a vivenda. Chegado, viu a intenção da patroa. Ela queria sair, fechar sua vida com Ascolino, sem anúncio nem explicação.
— Senhora, não vai embora.
A patroa surpreende-se. Refaz-se do susto e prossegue o despejo.
— Senhora, o atraso foi devido de porrada que deram no patrão, lá na cantina.
Palavras do empregado disseram nada. A patroa continuou a distribuir ordens. Mas Vasco Joãoquinho não desiste:
— Senhora, não foi só isso da porrada. Trasámos por causa de acidente na estrada.
— Acidente?
Epifânia, duvidosa, medita. Pede prova da verdade. Vasco mostra o chapéu retorcido. Ela olha as manchas, morde os lábios. Segurou a palavra, antes da pergunta:
— Morreu?
— Morrer? Não, senhora. Só está deitado no caminho.
— Machucou?
— Nada. Só está dormitoso. Posso-lhe ir buscar?
Palavras arrependidas. Logo ouvidas, Epifânia refaz a decisão de partir e as mobílias recomeçam o embarque.
Vasco recuou o pé no caminho. Vagaroso, regressa ao lugar onde deixara o sono do patrão. Quando chegou, já Ascolino espreguiçava. Incapaz de traduzir a claridade, esfrega-se nos olhos sem entender o ruído do camião que se aproxima. Sentado, resume-se ao corpo dolorido. A buzina do camião assusta-o. De um salto, arruma-se na valeta. O carregamento passa, lento, quase oposto viagem. Ali, frente aos olhos desinstruídos de Ascolino, se vazava sua vida, sem notícia nem reparo. Passada a poeira, Vasco est de um lado da estrada, funeroso. Do outro lado, Ascolino vai subindo a valeta. Durante o tempo da visão, segue o camião que se afasta. Depois, sacudindo as rugas do casaco, pergunta:
— Qui tem Vasco? Vizinhos estão mudar na Munhava?
— Não são vizinhos, patrão. É a senhora, dona Epifânia própria, que se vai embora.
— Epifane?
— Sim. E está a levar todas coisas.
Ascolino ficou todo na admiração do impossível. Só repetia:
— Epifane?
Ficou rodando, chutando capins, desarrumando a paisagem. O empre-gado nem levantava os olhos do chão. Até que Ascolino, decidido:
— Traz bacecola, Vassco. Vamos perseguir esse camião. Depresse.
— Mas, patrão, se o camião já vai na distância.
— Cala, vucê não sabe nada. Carrega velocípede, rápido.
E o empregado prepara os assentos. No quadro, sem almofada, se senta o patrão. No selim, o criado. E começam a bicicletar, estrada fora. O sulco da roda vai-se desfiando na manhã. Já nem sequer o ruído do camião se sente nos arrozais em volta. Ascolino, vice-rei, comanda a impossível cruzada para resgatar a esposa perdida.
— Pedal, pedal depresse. Não obstante, temos que chegar cedo. Hora de cinco hora temos que voltar na cantina de Meneses.
— Mia Couto, no livro "Noites anoitecidas". Lisboa: Editorial Caminho,1987.
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Saiba mais sobre o autor:
- Mia Couto - o afinador de silêncios (biogafia)
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