Gonzalo Rojas - poemas

Orquidias, de Damião Martins

Orquídea: entre tanta gente
Bonita a cor do cabelo desta moça, bonito 
.......................................... o cheiro 
de abelha do seu zumbido, bonita a rua,
bonitos os pés de luxo nos dois
sapatos áureos, bonita a maquiagem
das pestanas às unhas, o fluvial
de suas esplêndidas artérias, bonita a physis
e a metaphysis da ondulação, bonito o metro
e setenta da estatura, bonito o pacto 
entre osso e pele, bonito o volume 
da mãe que a urdiu flexível e a
ninou esses nove meses, bonito o ócio 
animal que nela anda.

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Orquídea en el gentío
Bonito el color del pelo de esta señorita, 
.......................................... bonito el olor 
a abeja de su zumbido, bonita la calle, 
bonitos los pies de lujo bajo los dos 
zapatos áureos, bonito el maquillaje 
de las pestañas a las uñas, lo fluvial 
de sus arterias espléndidas, bonita la physis 
y la metaphysis de la ondulación, bonito el 
.......................................... metro 
setenta de la armazón, bonito el pacto 
entre hueso y piel, bonito el volumen 
de la madre que la urdió flexible y la 
durmió esos nueve meses, bonito el ocio 
animal que anda en ella.

- Gonzalo Rojas, em "Orquídea en el gentío". [transcriação de Haroldo de Campos]. in: CAMPOS, Haroldo de.. "Sympoética latino-americana". in:_____O segundo arco-íris branco. São Paulo: Iluminuras, 2010.
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Breve biografia
Gonzalo Rojas nasceu na pequena cidade chilena de Lebu, a 20 de dezembro de 1917. Estreou com o livro La miseria del hombre (1948), ao qual se seguiram cerca de 50 livros, entre eles Contra la muerte (1964), Oscuro (1977), Transtierro (1979), Críptico y otros Poemas (1980), El alumbrado (1986), Desocupado lector (1990), Cinco Visiones (1992), Río Turbio (1996), Metamorfosis de lo mismo (2000), Al silencio (2002), No haya corrupción (2003), Esquizo (2007) ou Con arrimo y sin arrimo (2010). A recepção crítica de seu trabalho, às vezes por questões políticas, extra-literárias, foi polêmica. Mesmo assim, recebeu alguns dos mais importantes prêmios literários da língua espanhola, como o Prêmio Rainha Sofia (1992) e o Prêmio Cervantes (2003). O poeta morreu hoje, 25 de abril de 2011, em Santiago do Chile.

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