Exposição A mão do povo brasileiro

Exposição 'A Mão do Povo Brasileiro' (1969) - foto: Hans Gunter 
Acervo Instituto Moreira Salles e Luiz Hossaka, Masp
exposição: 'a mão do povo brasileiro'
até  29 de janeiro de 2017
no MASP


"A arte dos pobres apavora os generais"
- Bruno Zevi, L’ Espresso, Roma, 14.3.1965


A mão do povo brasileiro foi a mostra temporária inaugural do MASP na avenida Paulista em 1969, apresentando um vasto panorama da rica cultura material do Brasil — cerca de mil objetos, incluindo carrancas, ex-votos, tecidos, roupas, móveis, ferramentas, utensílios, maquinários, instrumentos musicais, adornos, brinquedos, objetos religiosos, pinturas e esculturas. A mostra, concebida por Lina Bo Bardi com o diretor do museu, Pietro Maria Bardi, o cineasta Glauber Rocha e o diretor de teatro Martim Gonçalves, era um desdobramento de outras mostras organizadas pela arquiteta do MASP em São Paulo (1959), Salvador (1963) e Roma (1965), onde foi fechada por ordem do governo militar brasileiro, suscitando o artigo do arquiteto Bruno Zevi intitulado “L’arte dei poveri fa paura ai generali”.


Exposição 'A Mão do Povo Brasileiro' (1969)
Ao valorizar uma produção frequentemente marginalizada pelo museu e pela história da arte, o MASP, conhecido por sua coleção de obras-primas europeias, realiza um gesto radical de descolonização. Descolonizar o museu significava repensá-lo a partir de uma perspectiva de baixo para cima, apresentando a arte como trabalho. Nesse sentido, tanto uma pintura de Candido Portinari quanto uma enxada são consideradas um trabalho — uma noção que supera as distinções entre arte, artefato e artesanato. 

Em sua nova fase, o MASP busca restabelecer e aprofundar sua relação com essa produção, tomando como ponto de partida a reencenação de uma de suas exposições mais icônicas. A mão do povo brasileiro se insere em um histórico de muitas outras exposições no MASP (inclusive a pioneira Arte popular pernambucana, em 1949). Aqui, ela é tomada como um objeto de estudo e um precedente exemplar da prática museológica descolonizadora. É, sobretudo, uma oportunidade para expor ao público um pouco dessa produção, para estimular a reflexão e o debate sobre seu estatuto e context no museu e na história da arte, e as contestadas noções de “arte popular” e “cultura popular”. A questão central da mostra (e possivelmente subversiva aos olhos dos generais do gosto) é: de que maneira podem ser reconstruídas, relembradas e reconfiguradas as histórias sobre a arte e a cultura no Brasil, para além dos modos, gostos e ofícios das classes dominantes?

Uma reconstrução perfeita de A mão do povo brasileiro é impossível, e optamos por seguir o espírito da curadoria original com alguns ajustes. Não encontramos uma lista de obras completa, mas listagens de colecionadores e museus, que novamente procuramos, recolhendo trabalhos similares e respeitando as tipologias de objetos. A arquitetura da exposição segue a de 1969, também com adaptações. Optamos por não atualizar a mostra—e os objetos reunidos foram feitos, até onde sabemos, antes de 1970—mas articulamos diálogos em torno do trabalho e do popular com mostras de artistas de diferentes gerações: Candido Portinari, Jonathas de Andrade, Lygia Pape e Thiago Honório. Interessa-nos aqui compreender o significado desse momento histórico e inaugural do museu, para encontrar novos rumos e reforçar a presença da mão do povo no MASP.


Exposição A mão do povo brasileiro (2016/2017) - foto: Danilo Verpa/Folhapres

'Bom Jesus de Pirapora' - Exposição A mão do povo brasileiro (2016/2017)

Exposição 'A Mão do Povo Brasileiro' (1969) - foto: Hans Gunter
Acervo Instituto Moreira Salles e Luiz Hossaka, Masp

Exposição 'A Mão do Povo Brasileiro' (1969) - foto: Hans Gunter 
Acervo Instituto Moreira Salles e Luiz Hossaka, Masp

Exposição 'A Mão do Povo Brasileiro' (1969) - foto: Hans Gunter 
Acervo Instituto Moreira Salles e Luiz Hossaka, Masp

Exposição 'A Mão do Povo Brasileiro' (1969) - foto: Hans Gunter 
Acervo Instituto Moreira Salles e Luiz Hossaka, Masp

SERVIÇOS
EXPOSIÇÃO "A MÃO DO POVO BRASILEIRO, 1969/2016"
Abertura: 1 de setembro, 20h
Data: ... até 29 de janeiro de 2017
Local: 1º andar do MASP
Endereço: Avenida Paulista, 1578, São Paulo, SP
Telefone: (11) 3149-5959
Horários: terça a domingo: das 10h às 18h (bilheteria aberta até as 17h30); quinta-feira: das 10h às 20h (bilheteria até 19h30)
Ingressos: R$25,00 (entrada); R$12,00 (meia-entrada)
O MASP tem entrada gratuita às terças-feiras, durante o dia todo.
AMIGO MASP tem acesso ilimitado e sem filas todos os dias em que o museu está aberto.
O ingresso dá direito a visitar todas as exposições em cartaz no dia da visita.
Estudantes, professores e maiores de 60 anos pagam R$12,00 (meia-entrada).
Menores de 10 anos de idade não pagam ingresso.
O MASP aceita todos os cartões de crédito.
Saiba mais no site oficial: MASP
Fonte: MASP


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