Eulália Radtke - poemas

Tela © Salvador Dalí
Na taça frágil da justiça

I
Fábula e síntese
na taça frágil da justiça
não é reação diária,
nem arremesso e equilíbrio
de pássaros em voo contínuos.
Como um dardo suspenso,
o segredo da verdade
fere a noite e seus musgos.
Nos montes,
os monges continuam a tocar
seus instrumentos virgens
de pânicos
e o degredo dos relógios
sob martelos e resinas de esquecimento
são reais.
Em barro permitido e reeditado
- dessa argila -
Seremos sempre circunstâncias
sobre a mesa de algum tempo
de lavra fictícia..
- Eulália Maria Radtke, no livro “O sermão das sete palavras”. Florianópolis: FCC, 1986.

§

O vinho da verdade
III
Confessei sob a foice afiada
da memória.

Confessei,
irrevogavelmente
terra e trigo
- dormido pão-de-tempo
que te acrescenta à vida -
a sentença do homem
é ser ofício humano.

Confessei sim,
- fábula e síntese -
na semeadura de teus mais alto voo.
- Eulália Maria Radtke, no livro “O sermão das sete palavras”. Florianópolis: FCC, 1986.

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Biografia e outros poemas da autora

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