Rui Barbosa - aforismos e excertos

© Vladimir Kush


"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto."
- Rui Barbosa, em "Requerimento de informações sobre o caso do Satélite|Discurso no Senado, em 17/12/1914". in: 'Obras completas'. Vol. 41. [organização Roberto Murcia Moura]. Rio de Janeiro: Irmãos Vitale, 2001.

§

"A justiça, cega para um dos dois lados, já não é justiça. Cumpre que enxergue por igual à direita e à esquerda."
- Rui Barbosa, em Vol. IV. [organização Roberto Murcia Moura]. Rio de Janeiro: Irmãos Vitale, 2001.

§

"Má conselheira é a fome, especialmente para a multidão, em cujo seio há muitos instintos bons, muitas tendências nobres, muitos impulsos desinteressados, mas há também as paixões da ignorância, da indigência, da força. Quando, portanto, a necessidade, que, creio eu, desde que o mundo é mundo, não tem lei, lhe estiver surdamente despertando n'alma esses sentimentos cegos, importa reagir, com certa prudência, no sentido oposto, avivando-lhe esses sentimentos contrários, de abnegação, de paciência, de esperança, de altivez, de fé no trabalho, de ódio à injustiça, tão profundos no povo, mas tantas vezes entibiados, e, entretanto, tão necessários, tão salvadores nesses tempos de provação. [...]"
- Rui Barbosa, em "Obras completas de Rui Barbosa". Rio de Janeiro: Ministério de Educação e Saúde, 1942.

§

"O povo não tem representante porque as maiorias partidárias, reunidas nas duas casas do Congresso, distribuem a seu bel-prazer as cadeiras de uma e de outra casa, conforme os interesses das facções a que pertencem. O povo sabe que não tem justiça; o povo tem certeza de que não pode contar com os tribunais; o povo vê que todas as leis lhe falham como abrigo no momento em que delas precise, porque os governos seduzem os magistrados, os governos os corrompem, e, quando não podem dominar e seduzir, os desrespeitam, zombam das suas sentenças, e as mandam declarar inaplicáveis, constituindo-se desta arte no juiz supremo, no tribunal da última instância, na última corte de revisão das decisões da justiça brasileira."
- Rui Barbosa, em "Obras completas de Rui Barbosa". Rio de Janeiro: Ministério de Educação e Saúde, 1942.

§

"Se o Brasil for condenado, pelos meus representantes, a continuar a ser, diante do mundo, a fábula dos países miseráveis, risíveis e desprezíveis, não será porque eu não tenha exercido as minhas forças em bradar à nossa pátria."
- Rui Barbosa, em "Obras seletas". 1952.

§

"A luz é a grande inimiga dos crimes. Na publicidade refulge a luz. A imprensa é a publicidade. Com a imprensa não se podem acomodar, pois, os governos de sangue e força, arbítrio e corrupção, mistério e mentira."
- Rui Barbosa, em "Dicionário de conceitos e pensamentos de Rui Barbosa", de Luiz Rezende de Andrade Ribeiro. Rio de Janeiro: Edart, 1967.

§

"Quando a escola do oceano se reune à escola da guerra podem estar certos de que se lhes dispensou entre seus semelhantes um quinhão comparável de saber."
- Rui Barbosa, em "Antologia". [organização Luís Viana Filho]. Rio de Janeiro: Casa de Rui Barbosa, 1953.

§

"A República não precisa de fazer-se terrível, mas de ser amável; não deve perseguir, mas conciliar; não carece de vingar-se, mas de esquecer; não tem que se coser na pele das antigas reações, mas que alargar e consolidar a liberdade."
- Rui Barbosa, em "Escritos e discursos seletos de Ruy Barbosa". [organização Virginia Cortes de Lacerda]. Rio de Janeiro:  Aguilar Editora, 1966.

-----
Rui Barbosa de Oliveira (5 de novembro de 1849 - 1 de março de 1923), Jurista, escritor e político brasileiro.



*****


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Gostou? Deixe seu comentário.