Goethe - poemas

© Vladimir Kush
poemas de goethe (edição bilíngue)

Pensamentos noturnos
Tão belas na rútila luz soberana,
Guia do navegante aflito, sem norte
(E sem recompensa, divina ou humana),
– Tenho dó de vocês, estrelas sem sorte,
Sem jamais amar e sem saber do amor!
Tangendo, incansáveis, as horas eternas 
Na ronda do tempo das vastas esferas,
Vocês vão cumprindo percursos sem conta.
Mas eu, se nos braços dela permaneço,
Da noite que passa – e de vocês – me esqueço.
.

Nachtgedanken
Euch bedaur’ ich, unglücksel’ge Sterne,
Die ihr schön seyd und so herrlich scheinet,
Dem bedrängten Schiffer gerne leuchtet,
Unbelohnt von Göttern und von Menschen.
Denn ihr liebt nicht, kanntet nie die Liebe!
Unaufhaltsam führen ew’ge Stunden
Eure Reihen durch den weiten Himmel.
Welche Reise habt ihr schon vollendet,
Seit ich weilend in dem Arm der Liebsten
Euer und der Mitternacht vergessen!
- Goethe [tradução Décio Piganatari]. em "Poesia pois É Poesia 1950-2000". Décio Pignatari, Cotia, SP: Ateliê Editorial | Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 2004.

§

Canção Noturna do 
Andarilho
No alto das colinas
há paz; 
não se houve, ali nos 
frondes, mais
que um sopro manso.
Nem há no bosque um trino. Aguarda:
tampouco tarda 
o teu descanso.
.

Wanderers Nachtlied
Über allen Gipfeln
Ist Ruh
In allen Wipfeln
Spürest du
Kaum einen Hauch:
Die Vögelein schweigen im Walde.
Warte nur, balde
Ruhest du auch.
- Goethe em "Poesia Alheia, 124 Poemas traduzidos". [tradução e organização Nelson Ascher]. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1998.

§

Elegias Romanas, 1
Dizei-me, pedras, respondei-me, altos palácios!
Falai-me ruas! Génio, manifesta-te!
Tudo está vivo em teus sagrados muros, Roma 
eterna – é frente a mim só que se cala?
Alguém revele-me a janela à qual verei 
a bela cujo fogo me refresque
e a rota em que, a caminho dela ou regressando,
hei sempre de perder horas preciosas! 
Visito ainda pilar, palácio, igreja e ruínas, 
sisudo como quem viaja a sério.
Mas não por muito; haverá logo um templo apenas
– Templo de Amor –aberto ao iniciado. 
Roma, és um mundo, sim; mas, sem amor, nem mesmo
seria mundo o mundo; ou Roma, Roma.
.

Römische Elegien, 1
Saget, Steine, mir an, o sprecht, ihr hohen Paläste!
Straßen, redet ein Wort! Genius, regst du dich nicht?
Ja, es ist Alles beseelt in deinen heiligen Mauern,
Ewige Roma; nur mir schweiget noch Alles so still.
O! wer flüstert mir zu, an welchem Fenster erblick' ich
Einst das holde Geschöpf, das mich versengend erquickt?
Ahn ich die Wege noch nicht, durch die ich immer und immer,
Zu ihr und von ihr zu gehn, opfre die köstliche Zeit?
Noch Betracht' ich Kirch' und Palast, Ruinen und Säulen,
Wie ein bedächtiger Mann schclich die Reise benutzt.
Doch bald ist es vorbei; dann wird ein einziger Tempel,
Amors Tempel nur sein, der den Geweihten empfängt.
Eine Welt zwar bist du, o rom; doch ohne die Liebe
Wäre die Welt nicht die Welt, wäre denn Rom auch nicht Rom.
- Goethe em "Poesia Alheia, 124 Poemas traduzidos". [tradução e organização Nelson Ascher]. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1998.

§

Crítico
Eis que me veio uma visita
do tipo (achei) que não me irrita.
O meu jantar não era chique,
mas ele comeu tanto ali que
não sobrou nada em casa e, quando
parou, já quase arrebentando,
o demo o fez sair só para
cuspir no prato em que jantara:
“A sopa estava um arremedo;
a carne, crua; o vinho, azedo.”
Que morra paralítico!
Com mil demônios! Era um crítico!
.

Rezensent
Da hatt ich einen Kerl zu Gast,
Er war mir eben nicht zur Last;
Ich hatt just mein gewöhnlich Essen,
Hat sich der Kerl pumpsatt gefressen,
Zum Nachtisch, was ich gespeichert hatt.
Und kaum ist mir der Kerl so satt,
Tut ihn der Teufel zum Nachbar führen,
Über mein Essen zu räsonieren:
"Die Supp hätt können gewürzter sein,
Der Braten brauner, firner der Wein.
Der Tausendsakerment!
Schlagt ihn tot, den Hund! Es ist ein Rezensent.
- Goethe em "Poesia Alheia, 124 Poemas traduzidos". [tradução e organização Nelson Ascher]. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1998.

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:: Goethe - o metafísico da língua

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