José Lino Grünewald - poemas

Mary Cassatt - lydia seated in the garden with a dog in her lap
poemas de josé lino grünewald

Soneto burocrático
Salvo melhor juízo doravante,
Dessarte, data vênia, por suposto,
Por outro lado, maximé, isso posto,
Todavia deveras, não obstante

Pelo presente, atenciosamente,
Pede deferimento sobretudo,
Nestes termos, quiçá, aliás, contudo
Cordialmente alhures entrementes

Sub-roga ao alvedrio ou outrossim
Amiúde nesse ínterim, senão
Mediante qual mormente, oxalá quão

Via de regra te-lo-ão enfim
Ipso facto outorgado, mas porém
Vem substabelecido assim, amém.
- José Lino Grünewald. "Soneto burocrático". in: O Carioca. Revista de arte e cultura, nº 3, Rio de Janeiro, setembro-outubro de 1996.

§

poesia concreta de josé lino grünewald

Vai e vem, de José Lino Grunewald (1959) 

A-vida, José Lino Grünewald

                                               s o l o    s o m b r a
                                         s o l     s o m b r a
                                        s ó    s o m b r a
                                              s o m b r a   s ó
                                           s o m b r a    s o l 
                                         s o m b r a    s o l o
                                                                                - José Lino Grünewald (1957)


BREVE BIOGRAFIA
José Lino Grünewald (1931-2000) poeta, tradutor, jornalista, crítico literário e de cinema, colaborou durante muitos anos com os jornais, Correio da Manhã, O Globo, Jornal do Brasil, Tribuna da Imprensa, Última Hora, O Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde e Folha de S. Paulo. Em 1957 tornou-se membro do grupo Noigandres, ao lado de Augusto de Campos, Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Ronaldo Azevedo. Em 1969, organizou e traduziu A Idéia do Cinema, com ensaios de Walter Benjamin, Eisenstein, Godard, Merleau-Ponty, entre outros. Como crítico de cinema, foi o divulgador da obra de Jean-Luc Godard no Brasil. Nas décadas de 1980 e 1990 traduziu inúmeras obras, entre elas Os Cantos, de Ezra Pound, e Grandes Poetas da Língua Inglesa do Século XIX, pelas quais recebeu prêmios Jabuti de Tradução de Obra Literária em 1987 e 1989. Publicou, em 1987, o livro de poesia Escreviver, de estética concretista. Segundo os críticos Iumna Maria Simon e Vinicius de Avila Dantas, "o que José Lino Grünewald diz a respeito do cinema de Jean-Luc Godard vale para sua poesia: 'O ato de filmar (poetar) é a experiência, e, por isso, viver a vida é viver o cinema (a poesia)'. A busca de sentido existencial através da substantivação das palavras, num movimento circular de repetição, é o que singulariza boa parte de sua poesia.". Em 1990 foi agraciado com o Prêmio de Tradução, pelo livro Poemas, de Mallarmé, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).
:: Fonte: Releituras

Obra do autor
:: Um e dois. 1958.
:: Escreviver. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1987.
:: Carlos Gardel, lunfardo e tango. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994.
:: Um Filme é um Filme: o *Cinema de Vanguarda dos Anos 60. [organização José Lino Grünewald e Ruy Castro]. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
:: O Grau Zero do Escreviver. [organização José Guilherme Corrêa]. São Paulo: Perspectiva, 2002. 
.
. Site oficial: josé lino grünwald

*****

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Gostou? Deixe seu comentário.